2 de ago. de 2014

[COMENTÁRIO GERAL] TV sem desenho! Como, Quando e Por quê?



Começo de mês!
Primeiro peço desculpas para quem esperou o COMENTÁRIO GERAL da semana passada. O fim de período na faculdade é obliterador! Mas agora de férias (como se isso um dia voltasse a pertencer à minha rotina) seguimos com as publicações normalizadas no blog.

No COMENTÁRIO GERAL de hoje vou fazer apenas considerações sobre dois assuntos bastante polêmicos, e que afetam diretamente a vida dos apaixonados por animação.



Primeiro: A inviabilização da programação infantil na TV Aberta.
Pesquisando temas para a coluna acabei descobrindo um texto super interessante no Blog do Guy Franco  (Yahoo Notícias) onde ele literalmente explode a respeito da inviabilização da programação infantil na TV Aberta. Caro leitor, eu, assim como o blogueiro em questão, somos de gerações que conviveram com espaço infantil na TV. Ele nos anos 80, e eu nos 90. Não preciso lembrá-los que a TV Manchete foi a minha iniciadora nesse universo das narrativas animadas.
Mas o que é mesmo essa tal inviabilização da programação infantil? Bom, segundo o projeto de lei 5921/2001, que foi aprovado somente no início deste ano, a veiculação de conteúdo infantil em TV fica completamente proibida. E isso significa o quê? Significa que a presença de publicidade especializada em público infantil não está autorizada a ser transmitida nas televisões de transmissões abertas. Brinquedos, artigos de colecionador, roupas e demais produtos midiáticos são excluído das folhas contratuais da emissoras de TV. Segundo a lei, isso é uma forma de regular as propensas "alterações de personalidade e caráter" motivada pelas séries de animação, quer seja cartoon ou anime. Ainda confuso? Deixa eu ser mais sucinto.
Não há forma legal de se proibir a veiculação de desenhos animados (que são considerados influenciadores na formação infantil/juvenil), sendo assim, a única maneira de se fazer isso mascaradamente é ilegalizando a publicidade gerada a partir desses produtos. Ora, é sabido por todos (se não você vai saberá agora) que tudo o que se é transmitido em televisão necessita de patrocínio. É assim que as emissoras lucram e sustentam seus empregados. Mas se eu não tenho publicidade/patrocínio, por que vou continuar a transmitir um produto que é sinônimo de prejuízo?
Compreende agora? Pois é! As próprias TVs propõe-se a isso. Os canais por assinatura (ou a cabo), presentes na TV Fechada, são mais segmentados do que os da TV Aberta. Existem canais específicos para o público infantil (Disney Channel, Cartoon Network, Nickelodeon etc.). A proposta é migrar definitivamente o público infantil para esses "fornecedores" e assim deixar a TV Aberta livre para o lixo cultural o qual já estamos enfadados a consumir.
Aí vem o questionamento. É dito que isso servirá para uma melhor formação das novas gerações, mas como preparar uma criança sem que ela consuma de tudo um pouco que a mídia oferta? Quantas crianças no Brasil tem acesso a TV Fechada? O plano de fuga é a Internet, mas essa ainda atinge somente 23% da população nacional.
No final, essa lei não mexe só com as futuras gerações, mas também com as atuais. Parafraseando Guy Franco, "se algum dia houve a intenção de surgir um grande estúdio de animação ou de quadrinhos no Brasil, qualquer coisa parecida com uma Disney, Nickelodeon ou Studio Ghibli, a possibilidade, sob essa lei, foi enterrada de vez. Voltamos vinte casas."
Ou seja: influenciando a produção, e o consumo, a existência desse gênero narrativo que é fundamental para a maturação de uma cultura nacional-internacional fica com os dias contados no espaço de livre acesso.

O que se deve ter em mente é que somos todos responsáveis. Proibir a publicidade infantil não vai resultar na formação de bons cidadãos. Pelo contrário. Acaba por tornar impotente o poder de discurso dos pais, que não vão ter atuação sobre a formação de seus filhos. "Deixem que a mídia conduza". "Não há porque se preocupar,meu filho não consome o que lhe faz mal". Mas o que faz mal? Como saber se proíbo? De que adianta fazer isso se tenho outros meios que me oferecem publicidade de forma mais agressiva e desmedida. E quanto ao que se consome de modo geral: Não é opressivo? Questão a se pensar.


Segundo: O combate a pirataria de mangás e animes.
Na última semana o governo japonês divulgou uma iniciativa de combate a sites de downloads e streaming estrangeiros. A medida foi fundamentada na associação de 15 produtoras insatisfeitas com o não respeito aos direitos do autor. Não posso dizer que sou contra pirataria. Estaria mentido. Consumo dessa forma muitos animes. Mas não posso deixar de dar razão às produtoras. Sou um autor, e não acho legal não receber méritos pelo que faço. Sobre esse assunto vou deixar para comentar com mais intensidade no ANIME ZONE desse mês, mas de já posso adiantar. Só espero que este impasse abra os olhos das produtoras/distribuidoras e editoras brasileiras, que tem um público forte nas mãos e não sabem como interagir com ele. Quanto mais da mídia oriental vier, melhor vai ser para todos. Mas, como vimos acima, isso pode ficar ainda mais difícil quando a lei 5921/2001 entrar em vigor com força total, pois aí não existirá nenhum horário de programação infanto-juvenil. Adeus "TV Globinho" nos sábados e "Bom Dia & CIA" durante a semana. Mais uma vez incapacitando uma segunda "era de ouro" dos animes na TV brasileira.

Esse foi o COMENTÁRIO GERAL de início de agosto. Deixe seu comentário e quem sabe ele não virá tópico na próxima edição!

Até a próxima!


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