5 de jul. de 2014

[COMENTÁRIO GERAL] Aprendendo a ler como Fã.



Olá! Início de mês bem animado para você que está acompanhando nosso blog! Depois de uma sexta-feira Alegre X Triste graças à vitória que nos garantiu nas Semi-Finais e ao maluco do Zuniga, que deu um golpe a la Sagat (Street Figther) no Neymar!
Mas deixando isso de lado, vamos ao que importa: COMENTÁRIO GERAL!
É! Hoje é dia da coluna onde o administrador devaneia sobre o que está a sua volta. Nesta semana li um artigo para ampliar meus conhecimentos acadêmicos (é está pensando que eu sou só ficção?! Faculdade não é fácil não! Dei uma pausa em uma análise estética que estou fazendo para postar) e resolvi compartilhar minhas impressões. Você vai gostar! 

ARTIGO: Lendo criticamente e lendo criativamente
AUTOR: Henry Jenkins
PUBLICADO EM: Revista MATRIZes - ano 6 / nº 01 (São Paulo)
ANO: 2012

Henry Jenkins é um teórico da Comunicação Social prestigiado por suas conotações a respeito da Cultura da Convergência (título do livro mais expressivo do autor aqui no Brasil). Eu uma reflexão sobre as mudanças de consumo, produção e, em particular, cultura de fãs. O estadunidense tem um mote especial para a transmidiação. Que seria a trafegabilidade de um universo ficcional através de várias mídias. Sendo uma regente, mas todas com seu nível de independência e importância. É o que ele chama de transmídia storytelling (no Brasil citado como narrativas transmídias).

Nesse artigo em particular Jenkins enfatiza uma outra conotação presente no movimento convergente das mídias, que desemboca em uma espécie de transmídia: a leitura criativa. Segundo o teórico, todo leitor tem a capacidade de ler e analisar uma obra. Destacar seus pontos fortes e fracos e suscitar discussões sobre os finais presentes. Dizer se gostou ou não. Ou porque foi bom ou ruim.  Isto seria leitura crítica. Mas para Jenkins o leitor não é obrigado a se restringir nesse aspecto. É aí que surge o papel do leitor criativo, que seria o fã "buscando um potencial não aproveitado na história que poderia ter oferecido uma plataforma inicial para suas próprias atividades criativas".

Para o pesquisador, esse é o momento em que o fã assume o papel de prossumer (produtor + consumidor) e interage com o ambiente ficcional criando, recriado ou alterando a estrutura inicial da narrativa para satisfazer um lado pessoal/coletivo. Assim, Jenkins apresenta cinco características a serem observadas por quem quer assumir esse papel de leitor criativo. Ou, usando suas palavras: "Aprender a ler com um fã", que "envolve aprender a encontrar tais brechas" e desenvolver novas narrativas.

Confira agora um resumo sobre cada uma dessas características/brechas:

1. Sementes: pedaços de informação introduzidos na narrativa para indicar um mundo maior que não é completamente desenvolvido na própria história. As sementes tipicamente nos afastam do enredo central e introduzem possibilidades de histórias a explorar. Por exemplo: Se estou contando a história de um nobre guerreiro de uma nação distante que foi herói em um outra parte do mundo. De que nação veio esse guerreiro? Como foi sua vida lá? Quem eram seus amigos e parentes? Possibilidades de construção da estória a partir dessas sementes deixadas pelo autor.

2. Buracos: elementos narrativos dos quais o leitores sentem falta e que são centrais à sua compreensão dos personagens. Exemplo: O nobre guerreiro possui uma espada mágica amaldiçoada que encurta seu tempo de vida a cada vez que usa? O que é essa espada? Como ele a adquiriu? E por que a maldição? Essas perguntas sem respostas podem suscitar novas estórias.

3. Contradições: Dois ou mais elementos na narrativa (intencionais ou não) sugerindo possibilidades alternativas para as personagens. Exemplo: Ainda falando da maldição do guerreiro. Se sabemos que a cada vez que usa a espada ele diminui seu tempo de vida, mas mesmo assim faz uso da arma surge a pergunta:  Por que ele continua a lutar? Será que a maldição é mentirosa? Pode ser quebrada? Ou ele simplesmente não se importa com seu destino? Diferentes escritores poderiam construir diferentes estórias dependendo de como eles pensam sobre a natureza do livre arbítrio.

4. Silêncios: elementos que foram sistematicamente excluídos da narrativa com consequências ideológicas. Exemplo: na estória do meu guerreiro falasse o tempo todo de magia. Entretanto não aparecem magos em nenhum momento. Por que excluir esses elementos? Qual o papel dos magos? Quem são? Respostas que podem não atribuir peso ao contexto final da narrativa, mas que despertam a atenção dos mais curiosos.

5. Potenciais: projeções sobre o que poderia ter acontecido além dos limites da narrativa. Essa característica é explicita em finais. Quando o autor encerra a narrativa fica claro que é o seu fim. Mas há aqueles que não se satisfazem como o final proposto, ou não se contentam com um fim. Exemplo: Terminei a narrativa do nobre guerreiro com ele livrando-se da maldição, salvando o reino e tendo um filho com sua amada. Cabe ao leitor da continuidade (se quiser). O que aconteceu com o guerreiro depois disso? E seu filho? Virou guerreiro também? Ou seja: é especular sobre o que acontece em seguida!

Bom. De posse dessas "cinco brechas" o COMENTÁRIO GERAL encerra sua participação com um desafio:

Se você compreende o potencial narrativo presente em uma peça literária, fílmica etc., mas sente vontade de ampliá-la tome dessas características e torne-se um leitor criativo, que contribui para o desenvolvimento do universo ficcional. Saiba que muitos dos autores da nova geração surgiram graças a essas intervenções feitas em obras existentes. Tal processo é saudável (se não colocar em xeque o trabalho do autor original). Então mão na massa! Escreva uma extensão de uma obra favorita e envie para superleitura.blog@gmail.com. As melhores serão publicadas no blog e ganharam espaço no nosso podcast (SUPERCAST) que está louquinho para estrear!

É isso ai galera! Boa sorte e até semana que vem!

[Para ler o artigo de Henry Jenkins, clique no link: Lendo criticamente e Lendo criativamente]

Nenhum comentário: