14 de jun. de 2014

[LITERATURA EM XEQUE] Combo Literário: O "Seriado Teen" brasileiro e registros de uma lenda nipônica.




Oi pessoal! Mês de junho seguindo em frente (e muita gente de olho na Copa do Mundo que já começou!) e, é claro, o SUPER LEITURA também caminha!


Respeitando nossa nova programação, essa semana é de LITERATURA EM XEQUE! Maio foi bastante produtivo para o blog. Na figura do seu administrador iniciou mais um projeto literário (é galera, acabei de escrever um conto e estou trabalhando em mais um. Tive que dar essa pausa no meu romance, porque apareceu uma oportunidade de produzir contos em via de publicação. Torçam para que dê tudo certo!) Além disso, analisamos duas obras literárias que, diga-se de passagem, são expoentes para seus respectivos gêneros, gerações e público.


O LIVRO DOS CINCO ANÉIS (Musashi Miamamoto / Japão)

Abrindo o "jogo" começaremos falando sobre 'O livro dos cinco anéis'. Clássico oriental escrito pelo japonês considerado mestre do kendô, Musashi Miamamoto. Eu, particularmente, não sou fã de Musashi. Respeito-o devido a existência de sua "escola dos dois sabres", que admiro (um dia pretendo praticar a arte do samurai). Contudo, não aceito o fato de que apenas para manter um histórico de invencibilidade ele tenha usado de meios sórdidos para derrotar Kojiro Sasaki. Repúdios à parte, hoje devo os mais sinceros parabéns ao 'japa' do século XVII.

Durante a leitura dos seus ensinamentos você sente como se estivesse em um campo de batalha, ou cercado por uma floresta inteira de cerejeiras com as flores de sakura caindo enquanto brande a espada. Há duas opções para quem lê o livro: Ou se apaixona pela esgrima dos samurais, ou repudia todos os ensinamentos de Musashi. Isto é, se você for um pacifista extremo.

Dividido em cinco manuscritos, a obra de Musashi prima por formar um talentoso guerreiro capaz de vencer na adversidade e que está em paz consigo e com o que orbita ao seu redor.


A LENDA DO LAGO DOURADO (Edson Vanzella Pereira / Brasil)

Intitulei este livro de "seriado teen". Imagine assistir aqueles seriados norte-americanos de ficção científica voltados para jovens de 15 a 21 anos. Pois então! É o que senti ao ler a obra de Edson Vanzella Pereira. Em poucas palavras o que posso dizer sobre 'A lenda do lago dourado' é:

1) Ciência + Magia = Narrativa equilibrada.
Basicamente é ousado da parte do autor fazer essa combinação. Tantos outros já fizeram isso (um parêntese para Júlio Verne em seu 'Viagem ao Centro da Terra'), mas é muito tênue a linha entre o sucesso e o fracasso nessa modalidade de narrativa. Em 'A lenda do lago dourado' os gêneros ficção científica e fantasia conversam entre si por meio de personagens híbrido. Digo híbridos porque estes passeiam livremente pelos dois campos narrativos. Há uma possibilidade de ler a obra enfatizando um único gênero apenas. Entretanto descobre-se que isto é empobrecedor para o enredo.

2) Mais do Mesmo? Acho que não!
Sempre "bato na mesma tecla" sobre esse novo momento no qual está sendo submetida a literatura brasileira no século XXI. Historicamente marcada por poemas, romances indígenas, novelas urbanas e crônicas nossa literatura começa a abrir espaço para outros gêneros ( o que o diga Eduardo Sphor, que graças ao geek- nerd-cult-otaku tornou-se o maior escritor de literatura fantástica do país) e o melhor de tudo: vem acertando!
Confesso que 'A lenda do lago dourado' não foi a leitura mais gostosa que já fiz até hoje. Acredito que a narrativa poderia ter sido bem mais explorada. Trabalhar conflitos juvenis cercado por política, história, lendas e mistério parece ser castigante tanto para quem lê, como para quem escreve. Você não sabe quando uma ambientação pode mudar. Não obstante, não há em nenhum momento mais do mesmo. O enredo se constrói de forma que o protagonista cresça aos olhos do leitor em um processo gradativo. Sua constante fuga de cenários entre os motes literários (fantasia/ciência) não o atrapalham. Pelo contrário. Ajudam-o a evitar os lapsos escuros da trama e fugir do ostracismo. Até os clichês literários (toda obra acaba tendo) são atraentes e fazem dessa "fantasia científica" um substrato do poder criativo de Edson Vanzella Pereira, que sem dúvida tem tudo para ser um grande escritor, pois bom ele já é.

Esse foi o LITERATURA EM XEQUE de junho. Espero ter sido prático. Sem spoiler, sem muito blá-blá-blá. Que você possa aproveitar esses textos para saborear o que de melhor há na literatura. Até a próxima!





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