8 de mai. de 2014

VEM AÍ UMA FLIP MAIS LATINA!

Tudo começa com um novo curador, o jornalista Paulo Werneck, de 35 anos, que foi responsável pelo caderno Ilustríssima, do jornal Folha de S. Paulo, até agosto do ano passado - e agora ocupa o lugar que foi de Miguel Conde no último biênio.

A atual edição, que acontecerá entre os dias 30 de julho e 3 de agosto, começou a ser divulgada no começo de abril justamente com esse objetivo: mudar a ideia de que a feira, que se tornou uma das mais importantes da região, não dá bola aos vizinhos. Por essas e pela inegável qualidade de suas obras, o chileno Jorge Edwards, a argentina Graciela Mochkofsky, o mexicano Juan Villoro e o peruano-americano Daniel Alarcón já são nomes confirmados
Para quem acompanha os rumos da produção literária contemporânea na América Latina, o menu é absolutamente atraente. Mas quem não sabe tanto há respeito ou não se atém a geografias literárias ou utopias regionais, também há muito o que se descobrir e aproveitar.
O veterano do grupo, Jorge Edwards, de 83 anos, é um dos ícones da chamada Geração de 50 chilena, com uma vasta e sólida carreira como escritor de romances e de poesia - ainda que no Brasil tenha só um de seus mais de 20 livros publicados.
É um embaixador chileno (atualmente na França), assim como foi o amigo Pablo Neruda, e pelo livro "Persona non grata" (1973), em que relatou sua experiência como embaixador do governo de Salvador Allende em Cuba durante três meses e meio, fazendo observações pessoais e pouco favoráveis ao regime castrista, é às vezes visto como um "esquerdista de direita". Quem edita o autor - prêmio Cervantes em 1999 - aqui no país atualmente é a Cosac Naify, que lançou (em pré-venda, por enquanto) "A origem do mundo", que fala sobre a decadência e o renascimento do amor e do desejo, o fracasso dos sonhos políticos e a ficção como elemento de resistência indispensável à vida.

Já Juan Villoro é provavelmente o escritor de maior destaque no México nos dias atuais. Com mais de 30 títulos publicados, é um autor prolífico e de interesses variados, que usa suas paixões "pop" (rock, futebol, quadrinhos...) como inspiração para uma literatura de qualidade, que ele encaixa nos mais variados gêneros - inclusive no infantil. É jornalista premiado, dono de uma coluna publicada às sextas-feiras no jornal mexicano "Reforma" e colaborador assíduo de revistas de jornalismo narrativo como a colombiana El "malpensante" e a peruana "Etiqueta Negra".
Por seu romance "El testigo", recebeu o prêmio Herralde em 2004, e aqui no Brasil é editado pela Companhia das Letras, que já lançou "O livro selvagem" e, para a Flip, prepara o lançamento de "Arrecife", sobre a violência no México, vista a partir de um olhar fetichista, explorada em parques turísticos. Outro título seu, "La cancha de los deseos" ("O estádio dos desejos" é o título provisório), que tem a ver com crianças e futebol, será publicado pela Editora Terceiro Nome com tradução de Eric Nepomuceno.
Autora de não ficção, Graciela Mochkofsky é um dos grandes talentos do jornalismo argentino, intensa pesquisadora das relações entre mídia e poder em seu país. Seu livro mais famoso é "Pecado original" (2011), uma reportagem literária sobre a disputa do casal Kirchner e o jornal "Clarín", expondo interesses políticos e econômicos de ambos os lados. Ainda é autora inédita em português, mas já colaborou algumas vezes com a revista Piauí. É editora da revista online "El puercoespín".
Finalmente, o peruano Daniel Alarcón, radicado nos Estados Unidos desde os oito anos, é um autor de 37 anos que figura em várias listas de melhores escritores latino-americanos, como a da Granta em espanhol. Escreve em inglês, mas seus temas passam quase sempre pelo Peru de sua infância e também pelas ruas de sua Lima imaginada - como ele mesmo diz. É jornalista, editor associado da revista Etiqueta Negra, colaborador da revista The New Yorker e produtor executivo de uma rádio online que se especializa em crônicas de personagens latino-americanos.

No Brasil, tem publicado pela Rocco o romance "Rádio Cidade Perdida", em que lança um olhar sobre o terrorismo em uma nação indefinida e conflituosa. Durante a Flip, ele lançará seu trabalho mais recente, "À noite andamos em círculos", com, novamente, a violência política de pano de fundo, pela Alfaguara.

(Texto extraído do site:http://fndc.org.br)

P.S.: Para os desavisados, FLIP é a sigla da Feira Literária Internacional de Paraty. Um dos mais importantes eventos da literatura sediados em solo nacional. A FLIP 2014 homenageia esse ano Millôr Fernandes, dramaturgo, poeta, editor, tradutor e editor gráfico. Para saber mais sobre a FLIP, e ficar por dentro do evento (que acontece do dia 30 de junho a 03 de julho em Paraty - RJ), basta acessar o site do evento clicando aqui!

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