23 de fev. de 2014

A "visão de mundo" de Christian Jungersen

"Leia e você jamais olhará seus colegas de trabalho
da mesma forma" 
(The Economist)


A citação do jornal "The Economist" presente na capa/costa da edição brasileira, publicada pela Editora Intrínseca, de A Exceção do dinamarquês Christian Jungersen reflete a ideia central desse que é um dos best-sellers europeus.

Confesso que não estava tão entusiasmado com este triller, mas a cada capítulo, onde um misto de ficção e psicologia se apresenta, passei a respeitar cada linha deste livro. Retratar a "Psicologia do Mal", tema de muitos dos debates envolvendo as guerras e genocídios do século XX e desta primeira década do século XXI, foi um dos elementos que ajudaram para me conquistar.

Com quatro capítulos inteiros dedicados a artigos científicos assinados pela personagem Iben, Christian Jungersen faz sua crítica a respeito do tema. Fora à inflexão a cerca das relações trabalhistas.Um dos melhore momentos do livro para mim está nessa frase:

"Nós não colocamos simplesmente uma máscara, nem escolhemos representar nosso papel. A mudança não é exterior, assim como não é voluntária. Em vez disso, somos transformados em pessoas mutáveis, mas plenamente realizadas, ou "identidades". Cada um de nós contém uma variedade de identidades."

Esse diálogo, mesmo que isolado, é o representante do motor deste enredo. Vai mais além disso. É a própria "visão de mundo" do autor, que é de um país que, mesmo sendo um dos mais bem sucedidos socialmente no mundo com um IDH entre os quinze mais aceitáveis, sofre ainda hoje com questões que envolvem preconceito sexual, xenofobia e uma disputa profissional que se reflete na falta de vagas devido a automatização de diversos setores.

Assim como Jungersen, eu acredito que somos dotados dessa capacidade cognitiva de DID (distúrbio de identidade dissotiativa). E o que é isso? Sermos dotados de múltiplas identidades/personalidades. Isso é o agravante para as relações comportamentais que permeiam os estudos da Psicologia Social.

Somos capazes de agir e pensar completamente diferente quando estamos em situações psicológicas distintas. O relacionamento em grupo depende de como estamos mentalmente. Compreender o porquê que certas atrocidades podem ser cometidas por homens e mulheres ditas comuns capacita um novo olhar para os acontecimentos que nos cercam.

Ler "A Exceção" pode despertar em você o interesse por avaliar o psique de assassinos, psicopatas e pessoas normais que quando colocadas sobre pressão passam por uma metamorfose mental em muitas vezes irreversíveis.

Se você  se sente atraído por esse cenário de debate, e quer compartilhar um bom triller/suspense segue a dica da imagem. Pois vale a leitura!

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